Como o Fascismo enxerga o polêmico conceito de liberdade?
Mais claro do que isso, mais sincero do que isso, só encontraremos em hipócritas líricos e liberais. Não entendo como não se convencem de que a sinceridade, a confiança, deve ser a força motriz para tudo - coisa que o Fascismo possui. E, para se ser sincero, tem de ser antes corajoso: proclamar a verdade é instigar embates com as camadas mais sórdidas e de mentes mais perniciosas que existe.
Do Estado e da natureza fascista.
A autoridade do estado fascista está presente em todas as camadas que constituem a sua organização. Contudo percebe-se que ainda que seja uma autoridade peremptória, é uma autoridade legítima, eficaz e coerente. A sua autoridade não existe para subjugar terceiros a um "estado divino", mas sim existe para estabelecer a coesão de sua nação e é naturalmente concebida pelo povo.
O sistema fascista tem pulso firme em todos os momentos. Ele parte de premissas como “só quem obedece tem capacidade para governar” e “ tudo no estado, nada contra o estado, nada fora do estado”, demonstrando o quão é necessária a disciplina pois vê a nação como algo orgânico, que deve mexer-se harmoniosamente, de forma sincronizada, para o bem-estar coletivo. Assim sendo, o Fascismo nega o Liberalismo Clássico que, para ele, surgiu como necessidade de lutar contra o absolutismo de outrora e já esgotou sua função e necessidade desde que o Estado se transformou efetivamente em mesma vontade e consciência popular. O Liberalismo negava o Estado no que cerne aos interesses particulares dos indivíduos, ao passo que o Fascismo confirma o estado como sendo a verdadeira realidade do indivíduo. A liberdade do indivíduo é a mesma que a do Estado, pois, no Fascismo, tudo está concentrado no Estado, e nada existe de humano ou de espiritual ou até mesmo de valor fora de seu Estado, Nação – a verdadeira realidade humana.
Ao ser colocado dessa forma, o Fascismo parece extremamente perigoso à primeira vista, mas deve-se tentar entender como ele chega a essa conclusão e por qual linha de raciocínio ele passa. De maneira bastante clara, o Fascismo acredita que quanto mais civilizado é o homem, menor deve ser a sua liberdade. Por exemplo, vemos uma criança com toda a sua ingenuidade brincando na rua. Ela esbraveja, corre pela calçada, bate em certos pedestres e negligencia algum pequeno colega. Com o tempo, essa mesma criança – já não mais criança – anda pela rua em vez de correr; fala calmamente, respeitando a todos; realiza suas ações de maneira responsável e não negligencia o próximo ao efetuá-las. Verifica-se aqui, de maneira incalculavelmente simples, que o pensamento maior da ideologia fascista é legitimado pela natureza humana.
E ainda sobre essa questão da “liberdade”, que é sistematicamente destruída pela autoridade e disciplina do Estado Fascista, jogo a pergunta: o que seria liberdade, realmente? Liberdade seria fazer o que se quer? Liberdade seria livre expressão? Liberdade seria desmoronar preceitos culturais e coletivos por uma causa pessoal? Vejam, camaradas, que a liberdade, seja qual for a resposta a minha pergunta, é algo que fomenta conflitos. Ela nasce da necessidade animalesca do homem em simplesmente enxergar a si no horizonte de eventos; de ver simplesmente a conseqüência e a causa sobre si. O Fascismo lamenta a liberdade e redimensiona o seu conceito. No Fascismo, o cidadão é livre conforme o seu Estado também o é. Se é perigoso, perguntar-me-iam, tentar construir a idéia de que o Estado será certamente gerenciado por alguém que quer o bem maior, eu diria que, de certa maneira, sim, é. Mas não me preocuparia caso isso ocorresse num cenário em que pudéssemos ver que o regime ali é explicitamente fascista: afinal, as chagas do poder morrem no início da conversão para o sistema fascista: ultra-nacionalista em todos os quesitos. Podem, evidentemente, insistir nessa questão, levantando a hipótese de que algum grupo se finja de fascista e tente se apoderar do governo, entretanto eu duvido muito que isso realmente ocorresse: como disse, o fascismo é reação; é, a priori, negação dos valores que degradam a nossa sociedade atual – tal como ela está. Um grupo de reação a isso é, por uma questão mínima de lógica, imune a essas contaminações que estão em vigor. Por exemplo: se todo X é canhoto, e surge alguém Y, necessariamente saberemos que Y é destro. Simples.
Não percebendo indivíduos únicos, nem grupos, associações e classes no Estado, o Fascismo é contra o marxismo e suas correntes que paralisam todo o desenvolvimento nacional e cultural por uma mera conclusão utópica de uma luta de classes que desconsidera, quase que irracionalmente, a unidade estadual que reúne todos os indivíduos, classes, associações e grupos numa única realidade econômica e moral; uma única realidade homogênea e benéfica a todos. Antes de o individuo ser qualquer classe, grupo, associação, ele é Estado, e, consequentemente, na concepção fascista, não existe espaço para o marxismo – nem microscopicamente. Também, indo encontra o marxismo, o Fascismo quer a manutenção da propriedade privada e das instituições que são norteadoras e os pilares da sociedade. O Fascismo, portanto, nega o liberalismo, como o marxismo, colocando-se como uma terceira via, uma síntese evoluída das duas maneiras de ordenar o mundo.
Como uma autocracia, o Fascismo rebate fervorosamente a Democracia, não a vendo como uma inferência das liberdades individuais, mais sim como o apogeu de conflitos e da desunião de uma nação embasada por uma lógica pífia. A Democracia iguala o povo ao maior número, rebaixando-o ao nível de uma “maioria”. Como bem disse Mussolini: “... a democracia não é um regime com rei, mas sim com vários reis, que são, por muitas vezes, piores e mais tirânicos do que um só...” . Contudo o Fascismo, por certo viés, pode e deve ser visto como algo democrático, afinal tem como essência o nacionalismo, a convergência mútua dos ideais da nação, mas diferentemente da Democracia soprada aos quatro ventos, o Fascismo é uma democracia prática: é qualitativa e não quantitativa - após essa declaração, apresso-me a explicar que quando se diz “qualitativa”, não se pretende dizer “restrita a um pequeno grupo”, e sim é uma tentativa de projetar a idéia de qualidade que o regime fascista possui caso comparado com todos os outros.
Certamente que o Fascismo não é perfeito: não são projetos que salvam uma nação, nem programas de governo, nem muito menos modelos “aptos”: é a ação dos homens. O Fascismo, como já foi dito nas postagens anteriores, é ação por essência. Ele vai além de ser meramente um regime, uma ideologia. O Fascismo tem um caráter universal, busca ser mais do que um programa de governo: ele é também filosofia de vida.
O aspecto combativo do fascista e do Fascismo desmerece qualquer possibilidade de paz perpétua. Repele, com todas as forças, o pacifismo que esconde uma renúncia à luta e uma vileza. No Fascismo o combate é integral: contra a oposição que visa dividir a nação; contra os países externos temerosos por seus capitais em um país homogêneo e de pensamento e ação sincronizada; contra os aspectos vis do ser humano e a tentação que o chama ao erro diversas vezes ao dia. O lema “me ne frego” traduz bem esse lado do Fascismo e, por conseguinte, do estado fascista: é uma educação ao combate, a aceitação dos risco que a vida nos confere.
Ao se chegar a esse nível de análise dos aspectos fascistas, não posso me esquecer de colocar a posição fascista sobre o aspecto religioso.
Pois bem, o Fascismo estrutura o estado como organização vital e norteadora dos homens, mas bem reconhece a existência dos aspectos pessoais-espirituais que encerram no caráter humano. Transcreverei uma parte da Doutrina do Fascismo que fala bem sobre isso:
“O Estado fascista não cria um ‘Deus’ seu como dado momento foi arranjado nos extremos do período da Convenção, como fez Robespierre; nem procura em vão cancelá-lo como faz o bolchevismo; o fascismo respeita o Deus dos ascetas, dos santos, dos heróis e também o Deus como é compreendido e invocado...” p. 38
O Fascismo é certamente o modelo mais sincero e eficiente que já foi proposto na História. Pode-se averiguar bem isso após muito ler sobre História Geral e Teoria Geral do Estado. O Fascismo é sincero, prático e realista. Pode ser revolucionário, mas é também reacionário e defensor da moral e bons costumes. É um estado que visa o apoio de todos os seus indivíduos que o reconhecem, que o sentem e que estão prontos a servi-lo. Dado isso, o Estado proposto pelo Fascismo estaria muito longe de qualquer espécie de característica tirânica dos estados absolutistas por “procedência divina”. O indivíduo no Estado fascista não é anulado, nem muito menos só somado, mas sim multiplicado. A defesa do povo, que é o alicerce da cultura e de todas as tradições sobre as quais o Fascismo deseja preservar, é necessária. Do povo, para o povo; do povo ao Estado; do Estado ao escudo e espada. Aqui está a matemática mais próxima da perfeição.
O que é ser fascista?
O lema fascista “Libro e moschetto - fascista perfetto” traduz bem a natureza do “ser fascista” em todas as suas concepções. É uma síntese perfeita do homem fascista, o qual deve sempre ser uma união de cérebro e força para as adversidades do mundo. Evidentemente que a frase, sendo uma síntese, e, como toda síntese, peca na falta de detalhes verossímeis e necessários para um bom entendimento do que é ser fascista. Destaco, então, esse texto para maiores entendimentos.
Talvez eu decepcione a muitos aqui com essa escancarada declarção: aos inimigos e também aos “amigos”. A verdade é que descrever o homem fascista é simples, nada polêmico e completamente compreensível. Diferentemente do que se pensa por aí, um fascista não é um pregador explícito de suas doutrinas. Provavelmente o que mais chateia o homem realmente fascista é o exibicionismo. O fascista por excelência não precisa de características que o diferenciem da maioria – isso ocorre naturalmente – e, acima de tudo, o fascista não quer se diferenciar da maioria. O Fascismo não pode ser um espelho onde alguém o use como acessório para preencher suas vaidades. Sendo bem objetivo: o fascista não é, nem em última instância, o que muitos conhecem como “skinhead” ou alguém com um visual grotesco e atitudes que existem para simplesmente chocar e nada somar. Tampouco o fascista é um ser pomposo, megalomaníaco que deseja andar fardado, nem muito menos um ser verborrágico – deixamos isso a cargo dos comunistas: o circo serve para eles. Não quero dizer que o fascista não possua características próprias que o faz se sobressair entre a maioria. O que quero dizer é que o fascista não precisa se distinguir – sendo esse o requisito nuclear para seguir a ideologia – ele distingue-se como conseqüência e não como causa. O estilo não é atitude, como bem gostam de dizer os afortunados do mundo da moda. A atitude é a atitude fascista, e o estilo é conseqüência disso – percebe-se que não nego a existência de que certos “fascistas caracturais” sejam realmente fascistas, mas sim que o esteriótipo seguido por eles não os tornam mais ou menos fascistas. O homem fascista, fazendo alusão ao lema citado, é um cidadão impecável com garra e perspicácia. Sensato, não se deixa seduzir concretamente pelo saudosismo de outrora: sabe que o mundo mudou e sabe que precisa ter suas idéias renovadas. Renovadas, sim, camaradas! O mundo muda, as coisas acontecem, coisas surgem e desaparecem. O fascista não é um ser primitivo. Não finca a espada no desejo de sua pátria estagnada, agrária – como bem queriam os integralistas. Acerca disso, sobre essa questão de renovação, avanço diante das circunstância mutáveis do mundo, Mussolini em A Doutrina do Fascismo diz:
“... Eu mesmo, que as ditei, sou o primeiro a reconhecer que a nossas modestas regras programáticas – as orientações teóricas e práticas do fascismo – devem ser revistas, corrigidas, ampliadas, corroboradas, porque aqui e acolá sofreram as injúrias do tempo(...) e também do espaço” p.43 Ed. Firenze
Como se observa, o fascismo não toma para si nenhuma idéia que o faça retroceder no tempo, e o fascista esclarecido sabe bem disso. ''Mas não é cultuando o passado que o fascismo perdura'', perguntar-me-iam? De certa meneira, é sim. Mas é um culto de honra, de exemplo, de direção. O fascista apreende a ideologia de outrora e a usa como força no presente – não falo da moral e dos bons costumes.
"Só quem aprende obedecer tem capacidade de comandar."
O fascista também não é meramente o “bom conservador”. Ele engloba esse aspecto e vai além. O “bom conservador” é frágil, tem linhas de pensamentos fracas, tênues e pueris. O fascista nada disso possui. Não é um “conservador de poltrona”, como se diz por aí. O fascista é um guerreiro integral – e até extremista em certas ocasiões. O conservadorismo do fascista preza pela manutenção da moral cristã e das instituições, e se baseia antes em ação do que em palavras que são por natureza vazias. O fascista também é sinônimo de disciplina. Mas não uma disciplina imposta, seguindo uma tabela exaustiva, “um ponto a bater”. É uma disciplina de inflexibilidade sobre suas convicções e posições e que surge naturalmente. O fascista é vivo, bravo e guerreiro. Não endeuso o fascista aqui: antes de tudo ele é humano, mas jamais deve colocar seus erros embaixo de um tapete: ele os enfrenta, tal como tudo na vida. Dizer que ele também prega e preza a ordem, a essa altura, já imagino que seja desnecessário.
O fascista também tem uma acepção da vida diferente da maioria das pessoas. Ele encontra consigo mesmo e ascende, fazendo jus ao tal caráter espiritual do fascismo. O fascista não se prende aos prazeres momentâneos e degradantes; nem aos vícios modernos. O fascista nega tudo isso absolutamente. Sabe que sua luta é maior e acredita na relevância de sua doutrina para o bem-estar do coletivo. Ele ama a sua pátria acima de tudo, cultua suas tradições e enxerga a nação como algo orgânico e homogêneo – mesmo sabendo que há uma falta de sincronia que deve ser sanada ( não é a toa que sempre está lutando). Anti-individualista, o que o fascista faz, faz para o seu país, sempre.
Para terminar, friso novamente que o fascista é ação integral. E me permito sair do caráter informativo e formal do texto e fazer um apelo aos camaradas fascistas no que cerne ao nosso país:
Devemos surgir impavidamente para desmoronar essa onda vermelha. Deve existir resistência a todo o cenário brasileiro em casa, no trabalho, na rua, em eventos sociais e devemos ser radicais.
A esquerda é maliciosa, cultua a mentira e está espantosamente fortalecida pela inércia dos cérebros imbecis desse país.
Vociferem contra esse governo desde já. Sejam radicais. Sejam a onda oposta a essa destruidora dos valores.
Temos de alfinetar esse governo até a morte. Aos que carregam a ignorância, às vítimas do populismo marxista, só nos resta "ignorar", por ora. Temos de atacar nas bases, nos núcleos disseminadores dessas falácias com todo o fervor e ódio ( devolver esse sentimento, porque é isso que eles nutrem por "nós": ódio).
A massa não participa, nunca participou e jamais participará. Ela será guiada.
Sejam militantes integrais, 24h por dia!
Há uma onda que nos arrasta e a única forma de vencê-la é se opor com uma onda ainda maior. Sejamo-la!
Por que o Fascismo é tão mal visto hoje em dia?
A razão de o Fascismo ser tão mal visto hoje em dia, e quase que sempre ser usado como um adjetivo pejorativo, é um tanto quanto nojenta. Ao longo das décadas a história da ideologia fascista sofreu uma desvirtuação nunca antes feita com nenhuma outra coisa na História e a causa disso não foi outra senão econômica.
Quando falo que a causa do Fascismo ser empregado atualmente como forma depreciativa são por fatores econômicos, tenho de redimensionar a idéia que pretendo explanar ao usar tal expressão. Para isso, portanto, irei reconstruir a História que bem se conhece – ou talvez, quiçá, construir finalmente uma verdadeira História – e demonstrarei onde, quando e como o Fascismo torna-se, por assim dizer, “malvado”.
Como uma ideologia, um movimento, tão aclamada pelas classes populares e, em geral, por todas as classes, fez todo esse giro de 180º deixando de ser uma extrema esperança para vir a ser uma extrema bancarrota e decepção? Como um homem como Benito Mussolini, elogiado até mesmo por Gandhi, por ter unido a nação italiana em nome de uma mesma ideologia (fascista!), passou a ser visto como vilão? Como Churchill, primeiro-ministro inglês e futuro inimigo de guerra da nação italiana, pôde ter elogiado Mussolini como “grande político” e também as suas medidas econômicas (fascistas!) que levantavam a Itália mesmo em meio às crises? Como, também, Mussolini, esse mesmo homem hoje em dia cuja memória é tão vítima de difamações pôde ter sido o homem que a Igreja declarou como “enviado pela providência divina”? Curioso, sim? Sendo objetivo, a grande causa dessa horrenda metamorfose foi o liberalismo econômico e seus maestros.
O Fascismo atingiu seu ápice de popularidade após a Crise de 1929, a grande crise do capitalismo – ou liberalismo. A crise se originou de um choque causado por muito mais produtos no mercado do que compradores. É interessante verificar como se ocasionou essa crise, pois ela é a conseqüência de toda e qualquer prática liberal – cujas conseqüências danosas são inevitáveis seja em curto ou em longo prazo –, desse modo irei retroceder um pouco no tempo e explicar a natureza da Crise de 1929. Será uma explicação simples e rápida – mas necessária para que se compreenda o malefício do liberalismo, o nosso verdadeiro vilão.
Após a Primeira Grande Guerra a Europa estava arrasada. Suas indústrias, fábricas e também mão-de-obra haviam despencado. Desse modo, ela já não produzia tanto quanto antes, entretanto o mundo continuava a demandar praticamente a mesma coisa – haja vista que a Primeira Grande Guerra praticamente se concentrou na Europa. Por exemplo, o Brasil importava, digamos, 2X de algodão da Inglaterra, mas agora, após a guerra, a Inglaterra só podia produzir X. Sendo assim, abriu espaço no mercado para que os outros países ocupassem. Em geral, quem ocupou as lacunas em aberto da Europa pós primeira guerra foi os Estados Unidos. Em conseqüência disso, ele se tornou a grande potência mundial, o grande exportador mundial, o grande industrial mundial, dominando os mercados que antes eram dos países que foram devastados pela guerra. Entretanto, com o passar do tempo, o que vimos foram os países se reerguendo, reerguendo, reerguendo, até que... Tarde mais: produziam a mesma quantidade que antes: crise mundial; muita oferta para pouca demanda! As grandes economias mundiais por só serem movidas pelo afã de “produzir, vender, lucrar”, negligenciaram esse excesso de oferta crescente e o mundo entrou em colapso.
A solução para a crise foi o plano econômico chamado de New Deal, que limitava a política do liberalismo e fazia com que o estado interferisse na economia, contrariando a base do princípio liberal. Contudo a intervenção estatal já era inerente na ideologia fascista, e, enquanto muitos países estavam se esforçando e fazendo malabarismos para tentar colocar em prática essa idéia do New Deal, lutando contra os grandes empresários e alguns fanáticos liberais que achavam que essa imposição só faria acentuar a derrocada econômica, os países que já tinham movimentos ou estruturas fascistas contornaram melhor a crise em suas economias. Após a crise, o que vemos é a solidificação dos regimes fascistas onde já existiam e a ascensão de outros regimes fascistas em diversos lugares de todo o mundo.
O Fascismo é, a priori, contra a iniciativa privada estrangeira e fomenta inúmeras políticas econômicas para defender a indústria nacional, além de frisar muito as políticas públicas. Nos primeiros anos após a crise, nada teria de errado, pensavam os liberais, sobre a política econômica dos regimes fascistas – em especial o da Itália e o da Alemanha. Contudo, após alguns anos, com a crise já mais controlada, o Fascismo era tão forte que se tornava uma ameaça clara. O Fascismo não fomentava as melhores economias (em números), mas sustentava uma economia de agrado geral ao povo. O Fascismo, enquanto se solidificava, demonstrava também que era benéfico à nação – a qualquer nação que o empregasse. O Fascismo se popularizava, suas idéias também, mas isso era uma ameaça às grandes corporações mundiais e os plutocratas. Por exemplo, levar uma fábrica da Ford para a Alemanha nos anos trinta já não estava mais tão fácil, e manter essa fábrica por lá não teria mais um lucro considerável, dada às políticas protecionistas do país e a Volkswagen - empresa alemã. Que fazer, portanto? Isso não só se limitava ao mercado de bens, mas também ao mercado monetário. Os grandes bancos mundiais ficaram espremidos diante das políticas financeiras dos países fascistas. Mas isso não seria nenhum problema se o Fascismo não se alastrasse como se alastrou.
Aqui mesmo, no Brasil, temos grandes exemplos de políticas fascistas – ou ao menos não-liberais – no período de Getúlio Vargas. Tivemos a Consolidação das Leis Trabalhistas, oriunda da Carta del Lavoro de Mussolini. Tivemos o controle da remessa de lucro de empresas estrangeiras, fazendo com que parte do lucro permanecesse no Brasil a fim de ser investido aqui. E, por último, a mais notável presença de influência de políticas fascistas: a Constituição de 37, chamada de “A Polaca”, por ter sido baseada na constituição autoritária da Polônia em mesmo período.
Vejamos, portanto, que o Fascismo se tornou uma grande ameaça ao Liberalismo. Que fazer os grandes empresários e banqueiros mundiais diante de tamanha e viril ameaça? Guerra. Tem de se ficar claro na mente de todos que numa economia liberal, o dinheiro está acima do estado, e quem o detém está acima de tudo. Os grandes cabeças das corporações internacionais instigaram, portanto, uma cruzada anti-fascista com todas as logomarcas e argumentos românticos. Em suas confortáveis cadeiras, os “rockefellers” da vida arquitetaram uma grande guerra para salvar os seus lucros, trocando vidas por espaço no mercado econômico – perceba-se aqui o descaso que um regime liberal tem com o seu povo... aliás, o liberalismo poderia também ser chamado de individualismo: ele não promove bem-estar algum; há sempre um escambo visando maior dinheiro, maior influência e maior poder.
Assim se estoura a Segunda Grande Guerra. Os detalhes para tal eclosão são inúmeros e merecem, sim, serem explorados e comentados. Mas me encarregarei de falar sobre isso gradativamente. Tomou-se, então, a Alemanha como bode expiatório para eclodir a guerra e sanatizar ao máximo o Fascismo – mesmo que o Nazismo só tenha nascido da ideologia Fascista e tenha se afastado um tanto com seu misticismo e políticas raciais* (abordarei isso mais doravante). Com o Fascismo destruído após a guerra, a medida seguinte foi “jogar sal” em todo o mundo: mas um sal especial; um sal anti-fascista. Daí vemos filmes, livros e várias coisas que consumimos e inconscientemente denigrem a imagem da ideologia fascista, bem como a de seus líderes – foi uma propaganda eficaz, isso é inegável.
O grande capital, sim, venceu, mas a desinformação e a mentira sobre esse período nunca serão perdoadas – ao menos por minha parte. O sangue dos sessenta milhões que pereceram nessa guerra por motivos imundos jamais irá secar.
Fascismo: origens, evolução e como se tornou o que se tornou.
O Fascismo, como termo conhecido hoje em dia, tem sua a origem mais coesa e primária na Itália, com Benito Mussolini, mas a sua prática já precedia tal homem que foi buscar na História Romana os alicerces para construir seu aparelho ideológico e os nutrientes necessários para fomentar o nacionalismo de sua doutrina.
A palavra fascismo deriva do latim fasces, que era o termo utilizado para nomear um grande machado romano, de origem etrusca – representando a autoridade e força do governo, rodeado de varas que simbolizavam a união do povo romano sob a égide estado. Os fasces eram carregados, na Roma Antiga, por um lictor em cerimônias importantes dando passagem para figuras de prestígio em Roma – geralmente magistrados. Esse símbolo é usado até hoje pelo significado coeso que carrega e figura, por exemplo, no brasão de armas da França e em diversas construções do legislativo mundial, como em outros lugares que carreguem um posto impávido – muitas vezes em ambientes também do judiciário. Entretanto o Fascismo não só tem seu nome e inspirações oriundas daí, mas também dos fasci que eram grupos de agitação popular que surgiram na Itália no fim do século XIX e início do século XX. Esses grupos eram compostos de jovens nacionalistas fanáticos, majoritariamente da classe média, que, descontentes com o regime em vigor, faziam manifestações extremistas, mas que ainda eram bastante desorganizados para uma militância eficaz.
Por mais contribuições que tenha tido, a ideologia Fascista, de grandes intelectuais da época como Giovanni Gentile, Julius Évola, Gabriele D'Annunzio e, mais anteriormente, do grande nacionalista Ernest Renan e do controverso Georges Sorel, ela nada teria sido sem a atuação de Benito Mussolini. Como dito na postagem anterior, o Fascismo é ação, reação, e Mussolini foi o homem prático, de ação, que moveu o Fascismo, juntou militantes e pessoas descontentes com o governo e ergueu a sua plataforma concreta, carregando com muita coragem e empenho seu estandarte.
Benito Mussolini foi filho de um ferreiro e de uma professora. Nascera em 1883, em Predappio, comuna italiana de Emília-Romanha que se situa no centro-norte da Itália. Vindo de uma família humilde, parecia que seu futuro já estava sentenciado à previsibilidade e à simplicidade. Tornou-se professor, mas insatisfeito com seu trabalho e com o governo italiano, mudou-se para Suíça onde dedicou boa parte de seu tempo aos livros e às agitações políticas que contribuíam para greves trabalhistas. Tanto nisso se empenhou, tanto agitou, que foi basicamente expulso desse país – aqui já se demonstra que o Fascismo nada teria de “direita” e nada teria de conservador anacrônico. Seria, como de fato foi, um movimento revolucionário, que cresceu entre os trabalhadores e a classe média para representá-los e, como maioria produtiva da nação, dar a todo o Estado uma característica homogênea seguindo essa linha e formar um só povo, uma só nação.
Mussolini passou boa parte da juventude dizendo-se socialista, mas seu socialismo era contraditório, pois possuía grandes doses do corporativismo, adaptado ao sindicalismo francês mais ao nacionalismo. Hoje se pode compreender que Mussolini dizia-se socialista no que cerne ao povo, à nação. Em muitos livros encontra-se a designação de que o Duce era um socialista-marxista, mas isso não é verdade como bem se pode ver. Mussolini achava Marx um tanto quanto ingênuo, e encarava a luta de classes como um aspecto permanente e necessário da existência humana. O que se deveria fazer era discipliná-la, e o único agente possível para que isso ocorresse era um estado forte e absoluto que unisse as pessoas e redimensionasse o conceito pessimista da luta de classes a fim de demonstrar que, na realidade, a vida humana é uma contínua luta contra tudo e é essa luta que manifesta o homem a seguir na vida. Se acaso não houvesse luta, o homem estaria sentenciado a uma existência miserável que não lhe proporcionaria crescimento espiritual algum. Para Mussolini a luta de classes não era a única e muito menos existia por fatores externos: a luta ela era necessária, naturalmente necessária ao homem e à nação.
Voltando um pouco no tempo, contudo, ao contrário do que se possa pensar, o Fascismo Italiano não foi pioneiro. O primeiro organismo de estruturas fascistas surgiu na França, com a Action Française. Porém, a esse movimento, faltava coerência política e pulso firme para vingar. Ela foi originada por dois homens de nomes pouco conhecidos: Charles Maurras e Leon Daudet. O movimento começou especialmente com Maurras em torno de 1908 e cresceu quando passou a ter suas idéias difundidas através de uma revista. Nos anos vinte ela chegou a vender mais de 100.000 exemplares, contudo a desunião interna levou a Action Française ao enfraquecimento: grupos se desuniram e tentaram se reorganizar de maneira mais ortodoxa, vendo o regime de Mussolini como exemplo. Entretanto, no fim da década de vinte a Action Française se corroeu definitivamente e terminou. Mesmo que poucos anos depois uma nova organização, muito mais próxima do Fascismo Italiano tenha surgido (a Croix de Feu), o Fascismo na França nunca assumiu posições eficazes e teve mobilizações salientes. Faltou-lhe coragem e liderança. Todavia fica aqui evidente que o “Fascismo” foi, na realidade, um movimento global, sobretudo europeu, que se manifestou em várias localidades, independente de algum núcleo centralizador que difundia seus preceitos. O Fascismo foi uma reação aos males do capital estrangeiro e da desordem que caiu sobre a Europa após a Primeira Guerra e o sucesso dos bolcheviques na Revolução Russa mais a proliferação da idéia desses últimos. Não é à toa que o Fascismo é chamado de terceira via: nega o capitalismo e o comunismo. Mas tratarei desse tema em uma postagem doravante.
Dando seguimento, na Itália Mussolini começou a orquestrar a união dos grupos que militavam contra o governo com a classe média e a classe proletária a partir do jornal que fundou: Il Popolo d’Italia. Através dele iniciou a exaltação do nacionalismo e foi se misturando ao povo, criando empatia entre o povo. A Itália estava segregada, marcada por conflitos profundos, dividida em interesses díspares e, por conseguinte, fraca. Mussolini resgatou o espírito de união nacional, mesmo com a derrota e a humilhação infligida à Itália pelos tratados após a Primeira Guerra pelos seus aliados que a esqueceram e lhe deixaram com o terrível ônus de, na teoria ter “vencido a guerra”, mas, na prática, não ter lucrado com nada e nem ter ganhado nada. A Itália ficou no prejuízo e passou anos com esse gosto azedo na boca.
Organizado os fascistas, Mussolini reuniu cerca de 50.000 milicianos mal armados, mas com a vontade de mudanças no ápice e marchou para Roma em forma de protesto. O primeiro ministro renunciou e o rei, Vítor Emanuel, temeroso de não dar o braço a torcer aos Fascistas, convidou Mussolini para organizar um novo governo junto a ele. Assim, sem disparar um único tiro, os Fascistas, por simples pressão do povo, conseguiram chegar ao governo por vias legais. E, com isso, é necessário frisar que o Fascismo não foi realmente totalitário. Em seu regime ainda haviam resquícios do poder do rei e também do poder (ou influência) da Igreja, que foi conseguida após o Tratado de Latrão que oficializou a religião católica como a oficial do novo governo, em troca de apoio e reconhecimento.
Com apoio da classe trabalhadora, da classe média, da monarquia e da Igreja, o Fascismo só pode crescer e ascender. Não havia mais oposição. Todos os setores tinham seus interesses assegurados e a Itália voltava a ser um único povo, uma única nação, trabalhando e pensando em sincronia – como todo país deve ser e fazer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário